segunda-feira, 16 de agosto de 2010

COMO SE CHEGA AO SENADO PELA PORTA DOS FUNDOS.

Dos 81 senadores da atual legislatura, 44,4 % já repassaram a vaga a um suplente por curtos períodos ou pela maior parte do mandato.
Plenário do Senado durante uma sessão do Congresso Nacional (Ana Araújo).
Em 19 de julho, na última sessão antes do recesso de inverno, estavam no plenário 17 senadores que ali entraram pela porta dos fundos. Sem que seus nomes aparecessem na cédula e sem receberem um único voto, tornaram-se suplentes e assumiram as vagas conquistadas pelos titulares em 2002 e 2006. Os substitutos têm direito ao salário de 16.512 reais, à verba indenizatória de 15.000 reais e a numerosos benefícios. Neste ano, 54 senadores escolhidos pelo voto levarão na carona 108 suplentes. Pela primeira vez seus nomes aparecerão na urna eletrônica e no material de campanha dos candidatos. Isso não significa que ganharão legitimidade para representar eleitores que não os escolheram. Dos 81 senadores da atual legislatura, 44,4 % já repassaram a vaga a um suplente por curtos períodos ou pela maior parte do mandato. No fim de 2009, beneficiados pela renúncia, morte ou licença superior a 120 dias do titular, eles ocuparam um quarto do Senado. É possível identificar alguns critérios que orientam a escolha dos suplentes. Muitos financiam as campanhas, outros tantos são parentes e vários são indicados por conveniência política.Com domicílio eleitoral em Minas Gerais, o carioca Wellington Salgado, do PMDB, é o primeiro suplente do peemedebista Hélio Costa, candidato a governador neste ano. Salgado acampou no Congresso de julho de 2005 a abril de 2010, enquanto Costa comandou o Ministério das Comunicações. Dono das Universidades Salgado de Oliveira (Universo), contribuiu com 1,3 milhão de reais para a campanha do titular em 2002. Em 2009, o suplente usou as verbas do gabinete para bancar serviços de secretária e motorista para Costa e sua família. O patrimônio de bom tamanho é um traço comum entre os suplentes que compõem as chapas deste ano. Romero Jucá, do PMDB de Roraima, escolheu para a segunda suplência o empresário do ramo imobiliário Sander Salomão (49,3 milhões de reais declarados). Ciro Nogueira, do PP do Piauí, indicou o mais rico dos suplentes: entre ações, imóveis e terrenos, João Claudino, declarou 623,5 milhões de reais ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois do patrimônio, o parentesco é o critério mais utilizado. O senador Edison Lobão, do PMDB do Maranhão, emplacou novamente o filho na vaga de primeiro suplente. Lobão Filho guardou o lugar do titular nos dois anos em que Lobão Pai foi ministro de Minas e Energia. Gilvam Borges, do PMDB do Amapá, também candidato à reeleição, trocou o irmão mais velho Geovani pelo caçula Geová. A terceira categoria mais populosa é formada por suplentes indicados por conveniência política. Pastores da Igreja Evangélica, por exemplo, garantem um rebanho de eleitores. Os evangélicos representam um quarto do eleitorado de 135 milhões de eleitores brasileiros. No Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, do PRB, disputa a reeleição em companhia do Pastor Monteiro de Jesus. Na segunda suplência de Jorge Picciani, do PMDB, está o Pastor Everaldo Dias Pereira, vice-presidente do PSC e um dos líderes da Assembleia de Deus, a maior Igreja Evangélica do Brasil.A ascensão de um segundo suplente é rara, mas os casos registrados comprovam que podem causar estragos formidáveis. Paulo Duque, também do PMDB fluminense, segundo suplente do governador Sérgio Cabral, estava alojado no gabinete em julho de 2009, quando explodiu o escândalo dos atos secretos. Infiltrado pela bancada governista na presidência do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, o octagenário sem juízo mandou engavetar todas as representações contra o presidente da Casa, José Sarney. Foi uma manobra perfeita. Ao contrário de Cabral, ele não estava preocupado com a reação do eleitorado. “Suplentes não deveriam preencher cargos na Comissão de Ética”, diz Fabiano Angélico, 34 anos, coordenador de projetos da ONG Transparência Brasil. O petista Sibá Machado, suplente da senadora e atual candidata à Presidência Marina Silva, foi senador durante seis anos do mandato de oito, favorecido pela indicação de Marina para o Ministério do Meio Ambiente. Antes de substituí-la, Machado não havia ocupado nenhum cargo eletivo. Hoje, concorre com boas chances a uma vaga na Câmara dos Deputados. A tribo dos substitutos é completada pelo grupo dos suplentes profissionais. ACM Junior, do DEM, assumiu o cargo em 2007, com a morte do pai Antonio Carlos Magalhães. Neste ano, virou primeiro suplente de José Carlos Aleluia. Neuto De Conto, do PMDB de Santa Catarina, herdou a vaga com a saída do titular, o tucano Leonel Pavan, eleito vice-governador em 2006. Agora, tenta manter a condição de suplente na chapa de Paulo Bauer, também do PSDB. Além de De Conto, os outros dois representantes de Santa Catarina também entraram no Senado pela porta dos fundos: o petista Belini Meurer, ex-vereador de Joinville, e Niúra Demarchi, do PSDB, ex-secretária de Desenvolvimento Regional de Jaraguá do Sul. A numerosa bancada dos sem-voto consegue reduzir ainda mais o nível de um Senado merecidamente conhecido como Casa do Espanto. E pode piorar. Como ocorre com os titulares, muitos suplentes têm acertos a fazer com a Justiça. Candidato a senador na chapa do petista Aloizio Mercadante, o cantor Netinho de Paula, do PCdoB, tem como segunda suplente Matilde Ribeiro, ex-ministra da Igualdade Racial, afastada do cargo pela gastança de 170.000 reais com o cartão corporativo do governo federal. Acabar com a farra é simples, comprova a sugestão de Angélico: “Quando o titular deixa o cargo, convocar novas eleições é a saída”.

Comentario d' O INDIGNADO:
Mostro nesta materia da VEJA, como funcionam os atos e as 'mutretas' do Congresso Nacional do Brasil. (o msm ocorre para a Câmara Federal). O Senador Sibá Machado(tido tambem como valentão), suplente da Marina Silva, foi o senador suplente que atuou durante 6 dos 8 anos de mandato da titular. Os suplentes de senadores não receberam nenhum voto nas urnas. São indicados pelos titulares, que coloc am descendentes ou amigos em suas chapas. Como acreditar no Senado Federal, onde a maioria atuante é completamente desconhecida dos eleitores? O senador em questão, tornou-se conhecido pelos problemas criados durante as sessoes, e que, possivelmente com esta intenção. Até quando os brasileiros continuarão a ser os "CORDEIRINHOS"?. Áté quando, o Brasil será um "PAÍS de TOLOS"?.

2 comentários:

angela disse...

Que pergunta difícil de ser respondida. Ao que tudo indica...
Muito tempo ainda.
abraços

Maria José Rezende de Lacerda disse...

O Brasil será um "país de tolos" até que a população adquira consciência política. E isso, só com educação. Abraços.